segunda-feira, 23 de maio de 2011

Algumas palavrinhas: como foi criar Lua das Fadas

Essa é a capa, com design, ilustração e cores de Carolina Mylius. É assim que sairá, se a Escala nada mudar. A ilustração continua na contracapa.

Hoje recebi a notícia de que o Lua das Fadas só sairá da gráfica na quarta-feira da semana que vem. Ficamos todos tristes aqui, pois pretendíamos levá-lo conosco para o Kodama, neste fim de semana, mas não desistimos de lançá-lo em um evento legal, então aguardemos as novidades. Enquanto isso, gostaria de compartilhar com vocês um monte de experiências ligadas a este livro e, é claro, seus personagens e criaturas do mundo invisível. Começarei então pelo fim. Este é o texto que finaliza a história no livro e espero que já dê pra você ter uma idéia de como foi essa aventura pra mim. Algumas coisas ganharão mais significado depois que ler o livro, mas a essência já pode ser sentida.




Algumas palavrinhas

Cada livro é uma aventura, para quem lê e para quem escreve. Se essa aventura tiver tirado seus pés do chão, terá cumprido sua missão. Antes de você se despedir do mundo de Lua das Fadas, no entanto, gostaria de lhe contar algumas coisinhas.

Toda história tem seus bastidores. Nem sempre o leitor se interessa por saber como aquela história foi criada, qual o processo de criação do autor e tudo o mais, mas essa história tem algo peculiar que acho que você gostará de saber, especialmente se for curioso.

Em primeiro lugar, devo destruir suas ilusões de que essa história foi um longo trabalho de pesquisa árdua. Não, não foi. Tudo começou com uma encomenda. A editora me pediu um livro de fantasia, algo com anjos, ou fadas, ou vampiros, ou lobisomens, ou outros mundos... Eu tinha acabado de escrever Uma Guerra de Luz e Sombras, um livro de terror e violência, e estava escrevendo Lua Carmesim, o segundo volume de Alcatéia. Assim, nenhuma idéia conseguia penetrar minha cabeça que não estivesse relacionada com esses dois livros. Algumas semanas depois do pedido, ainda empacada, tive uma noite de insônia. Pessoas têm insônia o tempo todo. Mas não eu. Durmo de qualquer jeito, até em pé. Já dormi empurrando um carrinho de compras e bati na parede, fazendo o segurança rir num mercado onde eu trabalhava. Então, insônia não é uma coisa comum para mim. Mas durante essa noite de insônia, recebi uma história. Vozes me contavam uma história, com personagens e situações. No dia seguinte, comecei a escrever e ela fluiu imediatamente.

Essa é a sensação de escrever histórias de outros mundos. Atravessamos o espelho com tanta facilidade que já não há mais diferença entre este mundo ou o outro.

Sete dias depois, tive outra insônia. Dessa vez, não lutei contra ela, pois sabia que viriam mais coisas. E vieram! Dessa vez, foram imagens, seqüências completas com diálogos. No dia seguinte, sem um pingo de cansaço pela noite insone, escrevi quatro páginas de tudo o que vi. Assim, em apenas três semanas, Lua das Fadas estava pronto.

Ou quase. Percebi, depois de escrever a palavra FIM, que o livro estava menor do que deveria, dado o número de páginas combinado. Me desesperei, pois não sabia o que ia escrever. Falando com meu pai por telefone, choraminguei que o livro estava menor do que deveria.

– Sumiram páginas antes do “FIM”?
– Não! – respondi. – A história precisa ser maior. Eu preciso escrever mais.
– Sobre o que é a história? – perguntou meu pai, tentando ajudar.
– Sobre o mundo das fadas.
– Por que você não escreve a história do Roberto Carlos?
– ??!... O quê?!
– Escreve a história do Roberto Carlos!
– Acho que não vai dar, pai...
– É, né?... Essa gente cobra muito!...
– É... É por isso... – respondi, conformada.
– Mas daqui a 30 anos você já pode escrever a história dele que é domínio público!

Pois é. Depois de 15 anos fazendo a mesma coisa, ainda tenho certeza de que meus familiares jamais entenderão o que diabos eu faço. Mas fica o valor pela boa vontade de tentar ajudar. O mundo do escritor é muito solitário. Ficamos às voltas com nossas Vozes, nossos personagens que têm vida própria e decidem o que farão ou não, e quando nos deparamos com uma encruzilhada, precisamos de uma peninha flutuando para guiar o caminho. Felizmente, as penas sempre aparecem quando estamos dispostos a olhar. Naquela mesma noite, vi uma sequência curta envolvendo o anjo Zac. No dia seguinte, comecei a escrever aquela cena, o que daria um simples parágrafo. Surpreendi-me em ver que a linguagem estava diferente, embora não tivesse havido pausa entre o último capítulo e aquele. Para minha surpresa, a pequena cena se transformou num texto interessante com personagens ricos que simplesmente surgiam. Ao fim desse texto, uma história a parte, escrevi pela segunda vez a palavra FIM.


Durante esse período, pesquisei livros sobre o mundo das fadas, usei meu conhecimento de anos sobre lendas e histórias, sonhei com fadas em mais cores do que posso contar. Ao mesmo tempo em que escrevia esse livro, também traduzia o livro Magia Prática, de Franz Bardon, um dos maiores magos de nosso tempo. Ou seja, ao mesmo tempo, eu traduzia um livro que falava sobre como acessar os reinos elementais e travar contato com ondinhas, gnomos, silfos, fadas e salamandras. Assim, apesar de ter sido uma história escrita em poucas semanas, ela possui conteúdo real. Todas as criaturas aqui descritas existem e todas as histórias aconteceram. São lendas, verdades esquecidas, que enriquecem nosso pobre mundo de shoppings e cartões de crédito. A história do Homem que Caía, no capítulo 15, foi inspirada em uma lenda do interior da Bahia, de uma casa assombrada onde algo similar aconteceu, segundo contam minha mãe e minha madrinha, Tia Conceição. As demais histórias são lendas celtas, irlandesas e escocesas. Por isso, apesar de adorar o crédito de ter toda essa imaginação, nem tudo aqui (talvez, quase nada) é mérito meu, mas sopros de terras distantes para que alguém conte histórias que não merecem ser esquecidas.

No final, acho que as Vozes que atuaram aqui só queriam que nos lembrássemos de que existem mais coisas entre o céu e a terra do que nos dá nosso fatídico dia a dia, e que podemos abrir asas e voar, se estivermos dispostos a olhar um pouquinho além das fronteiras ilusórias que nos limitam.

Deixo você com minha gratidão por ter estado comigo e ter visitado meu mundo. A seguir, você acompanha o texto final do qual falei aqui. Se você gostou e quiser continuar visitando este mundo, pode fazer isso pelo blog do livro, onde você encontrará com riqueza muitos detalhes e informações sobre a obra, como as músicas que inspiraram as cenas, as curiosidades, os filmes citados e o que pintar na minha cabeça maluca. O blog é: http://luadasfadasolivro.blogspot.com/

Um bater de asas pra você, iluminadas, doces e com cheiro de maçã!

Eddie Van Feu

É assim que me sinto ao receber histórias como essas e oportunidade para contá-las a você!

9 comentários:

  1. adoreiiii,parabéns eddie por trabalhos tao fascinantes estou lokinha pra ler

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  2. Eddie a capa q vc colocou é a antiga q não tá nem terminada ainda. A nova é a com livro. Lembra? ^ ^

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  3. Eddie, adorei esse pedacinho do livro, fico ainda mais com vontade de tê-lo em mãos.
    Como foi mágico criar o Lua das Fadas, vc é muito especial, obrigada por nos passar esses conhecimentos, agradeço a Divindade por ser tão tagarela.

    Só faltou o texto final, ou esse é o texto final??

    Seja como for, tudo está mágico.

    Beijos e fico aqui aguardando todas as novidades. {Como sempre 8) }

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  4. Valeu, Abelhuda!!! E já consertei a capa!

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  5. Eddie, são 2 livros falando sobre as fadas realmente?Lua das fadas e No mundo das fadas?

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  6. Ediee,que alegria!! parabenss....lendo os 1ºs capitulos ja senti borboletas cintilando em meu corpo rsrs imagina apos te-lo em mãos!!! adorei ..adoro vc o seu trabalho, o seu mundo,as eddinhas rsrsrs e essa caçeçinha maluca que nos enche de ideias tambm... ta de parabenss... bjos encantado...Jhafria..

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  7. Eddie eu adorei o livro Lua das Fadas! Me senti como se eu estivesse la quando aconteceu minuto por minuto e eu adorei.. Vou aparecer Anônima mas meu nome é Gabriela viu bjs...

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  8. Eddie adorei o LUA DAS FADAS fazia tempo que um livro nao me envolvia tanto, pretendo ler tambem O TRONO SEM REI e O PORTAL pois fiquei curiosa em conhecer a estoria dos pais de Bianca.muito obrigada.e parabens por esse trabalho maravilhoso.

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